Podem as marcas abster-se da tomada de posições?

Os protestos das últimas semanas não deixaram ninguém indiferente. A onda solidária e empática para com o movimento ativista ‘Black Lives Matter’, que se traduziu numa manifestação generalizada e global de apoio à comunidade afro-americana nos EUA, terminou com o derrube de estátuas polémicas e com discussões mais profundas sobre o papel das polícias na sociedade e a celebração de figuras polémicas da História em espaços públicos em todo o mundo. E, se num passado não muito remoto, as marcas retraíam-se de tomar posições inequívocas sobre os conflitos políticos ou sociais que iam surgindo aqui e ali, hoje é praticamente impossível fazerem-no. A verdade é que, no ambiente polarizado e fragilizado que vivemos, os nossos públicos e consumidores esperam das suas marcas de sempre muito mais do que palavras e hashtags estafadas. Enquanto atores económicos e sociais de relevo, é-nos exigida uma tomada de posição clara sobre uma diversidade de temas fraturantes. A abstenção não é mais uma alternativa. Afinal, se somos aquilo que consumimos, o que são as marcas senão o reflexo de nós próprios? Assim, além das habituais e expectáveis publicações de apoio, são vários os exemplos de marcas globais que se juntaram de forma mais contundente a um acontecimento que é já histórico: o Twitter mudou as cores do seu logótipo para negro em forma de tributo, a Glossier manifestou-se e comprometeu-se a doar meio milhão de dólares a diferentes organizações dedicadas à justiça e à equidade racial e o canal juvenil Nickelodeon exibiu um poderoso vídeo de 8 minutos e 46 segundos – o tempo que George Floyd ficou manietado pelo pescoço no chão – onde se podia “I can’t breathe” e se ouvia apenas o som da respiração.

Photo by Koshu Kunii on Unsplash

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